Entre a renovação e o continuísmo: o lastro da disputa política em Pinhão

Análise do Política de Fato.


25/06/2020 12:16

Monopólio está na cerne do surgimento do município de Pinhão. Antes, as terras onde hoje está situado o município sergipano com por 155,9 km² de extensão foi desmembrando, lá no século XIX, de gente que mandava e desmandava: coronéis e latifundiários que detinham o controle desta área. Mas o que importa aqui é alinhavar algumas laudas acerca da conjuntura política de Pinhão no século XXI. E neste âmbito, a figura que por muito tempo deteve o controle e geriu as terras pinhãoense foi o ex-prefeito e ex-deputado Eduardo Marques de Oliveira, homem de fala mansa, gestos simples e que conta com a simpatia de milhares de conterrâneos.

Entretanto, Eduardo viu sua liderança ser ameaçada pelo seu sangue, gente de sua família: o sobrinho Erivaldo Oliveira do Nascimento, conhecido por Valdinho, derrotou o tio em 2004 e 2008, e em 2016 a esposa de Valdinho e atual prefeita, Ana Rosa, contribuiu para a “aposentadoria” politica do tio. Aliás, o último mandato de Eduardo foi em 2012, quando venceu aquela eleição derrotando outros dois adversários e conseguiu obter 43,87% dos votos válidos.

Para este ano a oposição ao grupo de Valdinho e Ana rosa terá novidade e a disputa terá um elevado teor no debate e nas propostas. Isto porque o jovem médico Charles Oliveira, Dr. Charles como são chamados a maior parte dos profissionais da medicina, entra em cena e promete fugir do lugar comum da política e mostrar opção ao eleitorado pinhãoense. Dura tarefa terá.

Primeiro porque Valdinho é uma espécie de iminência parda na administração de sua esposa. Aliás, em Pinhão comenta-se que Ana Rosa é uma espécie de “rainha da Inglaterra”: tem o poder mas não governa. Seu esposo é o faz tudo na prefeitura: articulador político, sugere e até mesmo comanda a parte administrativa. No fim, Ana assina e está tudo certo. Tudo dentro da lei, frise-se.

Mas o hercúleo trabalho de Dr. Charles advém justamente porque vai encarar Valdinho/Ana Rosa com a caneta na mão, aliado do Governo do Estado e uma estrutura governamental a seu favor. Acrescente a isto que este agrupamento colocou Eduardo Marques, maior liderança vida de Pinhão, no ostracismo. Não é pouca coisa. Não, mesmo.

E para superar este aparato político-administrativo, Dr. Charles terá que gastar muita sola de sapado e saliva para visitar a população e convencê-la de que ele é o arauto das mudanças que Pinhão precisa.

Se o eleitor optar pelo continuísmo ou pela renovação o futuro dirá. As urnas darão estas e outras respostas. Por fim, como em Pinhão há uma tradição incomum em cidades pequenas de haver mais de duas candidaturas, uma possível terceira via não é descartada


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