Henriclay, Iran Barbosa e as rasteiras de um político tradicional

Ex-deputado estadual tem se notabilizado por aplicar o mesmo método de afastamento dos seus antigos aliados


23/04/2023 19:03

por Daniel Rezende

A semana foi cheia de acontecimentos políticos de grande notoriedade e, por isso, a notícia da retirada de Henriclay Andrade da política passou quase que despercebida. A imprensa sergipana não explorou o assunto e, principalmente, não percebeu um fato que já se tornou praxe na esquerda local: As rasteiras do ex-deputado estadual e federal Iran Barbosa (PSOL).

Antes de tudo é preciso exaltar a liderança do ex-candidato ao Senado, Henriclay. Na esquerda sergipana, sempre foi respeitado enquanto advogado e presidente da OAB Sergipe por defender as causas trabalhistas e minoritárias. Nos últimos anos vinha em ascendência e poderia muito bem se lançar a um cargo majoritário ou proporcional no próximo pleito.

Optar por sair da política e não mais se candidatar só poderia ser uma decisão tomada após uma grande decepção e essa veio de um dos seus aliados mais próximos, Iran Barbosa. O ex-deputado, aliás, veio para o PSOL sob a articulação de Henriclay, com pompas e uma verba eleitoral robusta para a campanha de deputado estadual em 2022.

Não se elegeu e, sabe se lá por que cargas d'água, decidiu se afastar do então candidato ao Senado. Não só se afastou, como também migrou para uma tendência 'adversária' dentro do partido, a Primavera Socialista.

Esse movimento, aparentemente, provocou profunda decepção em Henriclay, que esperava uma reciprocidade de Iran diante de tudo que este fez para favorecer Barbosa na disputa de 2022. Sentindo-se isolado dentro do partido, Andrade optou por se afastar prematuramente da política e focar na advocacia, conforme anunciou em entrevista ao Política de Fato na última semana.

Quando falo no plural a palavra "Rasteiras" é para lembrar que Iran já aplicou o mesmo método em antigos aliados, a exemplo da ex-deputada estadual Ana Lúcia, da vereadora Ângela Melo e das próprias instituições Sintese e Partido dos Trabalhadores, pois seu mandato fora eleito pelo PT e mesmo assim o então deputado decidiu migrar para o PSOL pelas benesses oferecidas na época.

Ana Lúcia e Ângela Melo provaram desse féu que hoje Henriclay prova. E o pior: O afastamento sem motivos da ex-deputada Ana se deu em uma fase aguda do câncer que ela vivencia. Foi nesse período em que ele rompeu o contato com ela e decidiu caminhar por conta própria em um movimento de saída do PT.

Nessa mesma fase, Ângela esperava um apoio integral de Barbosa na disputa pela Câmara de Vereadores, mas foi surpreendida com um verdadeiro loteamento do gabinete do ex-deputado. Cada assessor foi para um lado e o apoio recebido foi mínimo. Tempos depois, o político bancou uma assessora filiada ao PSOL na chapa de oposição à atual diretoria do Sintese. Perdeu e com um detalhe que o desgastou: Ele ainda estava no PT à época.

É recomendável que os novos aliados abram os olhos. O relógio está correndo e a próxima rasteira pode estar se aproximando...

MEIO-FIO EM RODOVIAS

Quem teve a brilhante ideia de ocupar as margens das rodovias Sergipe a dentro com meios-fios? A prática deveria ser considerada crime e os responsáveis presos. O risco de acidente é evidente e chega a ser revoltante saber que milhões são gastos para a implantação desses artigos completamente desnecessários. Alô governador, DER e demais responsáveis!

GOVERNO PRIVATISTA

Depois da aprovação do projeto que institui o “Programa de Parcerias Estratégicas”, deve se esperar uma onda privatista por parte do Governo de Sergipe.

Deso, Banese e afins estão na mira, mesmo sendo empresas públicas que apresentam superávit, ou seja: são lucrativas para o estado.

GOVERNO PRIVATISTA II

Ao justificar a apresentação da propositura, o governo pontuou a necessidade de ampliação das Parcerias Público-Privadas e concessões com a iniciativa privada.

No fundo, é mais uma boa narrativa para justificar o cheque em branco assinado pelos deputados na Alese.

POLÍTICA DE ESTÂNCIA

Com um extenso editorial, o radialista Luiz Carlos Dussantus falou sobre a traição política do presidente do PT de Estância, Dominguinhos Machado. Ele votou em uma candidatura do PSOL em detrimento da candidatura do petista estanciano, professor Dudu (PT)

POLÍTICA DE ESTÂNCIA

No mesmo editorial em que detona o presidente do PT, Dussantus ainda lança uma informação que pouco foi evidenciada pela população local: Dominguinhos, Márcio Souza (PSOL) e o radialista Gilson Ramos foram flagrados dialogando sobre uma construção política na tradicional Churrascaria do Baixinho.

A informação causa estranhamento, pois os dois quadros (Dominguinhos e Márcio) são de esquerda, enquanto Gilson é notabilizado por comentários de ultra-direita no seu programa de rádio “Gata Amarrada”.

UFS EM BOQUIM

O vice-prefeito de Boquim, Chicão Almeida (PT), tem feito o papel que se espera de um vice. Busca parcerias e articula novidades para o município.

A mais recente incursão dele foi uma visita ao reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) em prol da implantação de um Campus no município.

UFS EM BOQUIM II

Chicão saiu animado do encontro, pois há forte possibilidade de retomada do projeto de expansão universitária em todo o país por parte do Governo Federal e Boquim apresenta grande potencial a partir da sua citricultura.

SERVIDORES REVOLTADOS II

Essa semana, mais precisamente no dia 26, servidores de dezenas de categorias de Estância irão paralisar as atividades em resposta à arrogância de Gilson Andrade.

O prefeito manda e aprova na Câmara, pelo segundo ano consecutivo, Projeto de Lei que reajusta salários dos servidores sem discussão com o sindicato e com uma margem mínima de reajuste, sem extinguir uma grande injustiça que é manutenção de uma gama de servidores recebendo um salário-base abaixo do mínimo nacional.


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