Ninã Victor reflete o papel da juventude nas eleições


08/05/2024 16:21

*Ninã Victor é assessor político, estudante de Direito e presidente da Juventude do Cidadania/SE

Nos últimos dias, vimos uma grande mobilização para que os jovens de 16 a 17 anos, tirassem seus títulos de eleitor. O resultado de todas essas campanhas ainda será divulgado pela justiça eleitoral, e espera-se uma grande adesão da juventude.

Entretanto, para além de garantir um bom quantitativo de jovens eleitores, é crucial que essa juventude cumpra seu papel de qualificar o debate eleitoral.

Num passado não muito distante, víamos uma juventude aguerrida e ativista de lutas sociais. As escolas políticas dos jovens brasileiros, quais sejam os movimentos e grêmios estudantis, os DCEs, dentre outras formas de representação, têm perdido a força. Tais espaços parecem, hoje, servir apenas de instrumentos de barganha por parte de algumas poucas lideranças.

Por outro lado, as redes têm sido importantes aliadas dos jovens no que tange ao debate eleitoral. A juventude está cada vez mais presente nas discussões, opinando e participando de diálogos sociais e políticos.

À vista disso, nota-se uma transição de espaços onde a juventude se faz presente politicamente, aparentemente com mais liberdade, porém, até então, com menos eficácia. No primeiro cenário, os jovens possuíam maior poder de ação, contudo menos autonomia, dada a ligação ideológica inevitavelmente atribuída aos movimentos estudantis, o que excluía uma parte dos jovens. Já no segundo, essa autonomia é garantida, tendo em vista a universalidade das redes, todavia com bem menos resultados efetivos em comparação aos movimentos anteriores.

O equilíbrio entre os dois cenários supramencionados tende a assegurar à juventude brasileira a verdadeira participação política. Precisamos aproveitar a democratização que as redes nos proporcionam para voltar a colocar os jovens como protagonistas nas decisões políticas, como foi em outrora.

Movimentos como a Coluna Prestes, o Diretas Já, os impeachment de Collor e Dilma, dentre outros vários momentos da democracia brasileira, tiveram a participação direta da juventude, e talvez por isso obtiveram êxito. Logo, não se pode negar a força da juventude nas lutas democráticas, porém precisamos transformar essa força em poder de ação e mobilização, para, posteriormente, ocuparmos os espaços políticos.

Somos uma parcela significativa da população e, politicamente, não refletimos isso, visto que, conforme dados do TSE, levando em conta uma estatística de todas as eleições desde a década de 90, os jovens foram apenas de 1,5% a 2,5% do eleitorado nacional. Sabemos que essa realidade está mudando, porém ainda precisamos converter números em representatividade e poder de decisão.

Esperemos que em 2024 os jovens reflitam sobre seu papel e sua relevância no cenário político. Afinal, a história política brasileira também foi escrita pela juventude. Não somos somente o futuro da nação, como mencionado de praxe, mas também já fomos o passado e, sobretudo, somos o presente. Que a juventude saiba cada vez mais usar a sua força!


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