Quem está por trás do fogo amigo contra Gleice Queiroz?


24/04/2025 20:03

Bastou a jornalista Gleice Queiroz assumir interinamente a Secretaria de Comunicação de Aracaju por apenas 10 dias para se tornar alvo de uma sequência orquestrada de ataques. As agressões, com tons machistas e conteúdo difamatório, levantam uma questão que não pode ser ignorada: por que tanto incômodo com uma mulher em um cargo de liderança? E, mais do que isso, de onde vem esse fogo amigo?

Nos grupos de WhatsApp, críticas se espalham com velocidade, enquanto os administradores ignoram as agressões mais graves. Um radialista que ocupa cargo na própria gestão procurou a imprensa para denunciar suposto assédio moral. No entanto, quem atua na Secom sabe que a secretária adjunta só se reúne com coordenadores, assessores e a diretoria. Questionado sobre a acusação, a justificativa foi ainda mais absurda. Ele alegou ter sido assediado “por meio dos diretores e coordenadores”, a mando de Gleice.

Em outro episódio, um major da PM registrou boletim de ocorrência alegando se sentir atingido por uma postagem nas redes sociais que sequer mencionava nomes. Uma reação desproporcional, que só reforça a suspeita de perseguição.

Mais recentemente, questionaram a prefeita por ter nomeado Gleice, sob o argumento de que, quando jornalista, ela fez críticas à então vereadora. Mas é preciso lembrar: cargos em comissão são de livre nomeação. A decisão da prefeita já foi dada. Não há o que justificar.

Gleice Queiroz tem atuado de forma discreta e a única vez que se pronunciou foi para informar, em suas redes sociais, que está há 100 dias afastada justamente por estar dedicada à gestão. Ela declarou que está acompanhando os ataques e tomará as providências cabíveis, pois já não se trata de críticas, mas de algo que ultrapassou o limite do aceitável.

E aí volta a pergunta central: quem está por trás do fogo amigo?

O ataque parte de dentro da própria Secretaria de Comunicação? Ou vem de setores mais poderosos dentro da gestão, incomodados com uma mulher técnica, competente e com histórico de independência à frente de uma área estratégica, mesmo que por poucos dias?

Que interesses estão sendo contrariados? E mais grave: como alguém que faz parte da equipe da gestão vai à imprensa para atacar a própria administração e permanece no cargo e pior, dentro da própria Secom.

Para quem conhece a lei, a dúvida é legítima. Esses ataques configuram perseguição? Desde 2021, perseguição é crime no Brasil, tipificado no artigo 147-A do Código Penal.

A sensação é clara: tentam enterrar a reputação e a trajetória de uma mulher por ela ousar ocupar um espaço de decisão. Esquecem, no entanto, que Aracaju elegeu, pela primeira vez na história, uma mulher prefeita. E isso não é pouca coisa.

Com a nomeação de Gleice, a prefeita envia um recado claro aos machistas. Vocês não passarão.


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