UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE MAIS PARECE FILME
A história de Joãozinho Retratista e Sazinha
UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE MAIS PARECE FILME
Vou contra uma história de amor entre João e Maria. Vamos primeiro por João Teixeira Lobo. Um jovem simples, nascido numa Itabaiana pobre, porém já cidade e que cresceu à sombra da câmera fotográfica de Seu (padim) Teixeirinha. Maria Gomes Teixeira, Dona Sinhazinha ou mais conhecida como Sazinha nasceu em 24 de junho de 1905. Na década de 10, mais precisamente em 1913, o relógio de ponteiros da torre sul da Igreja Matriz de Santo Antônio e Almas de Itabaiana foi instalado e o jovem Joãozinho era o responsável do concerto e acertar o horário do novo equipamento que com seus badalos até hoje estronda a cada hora.
Em 1916, Joãozinho com 19 e Sazinha com 11 anos acabaram se conhecendo durante um dos habituais trabalhos não remunerados à igreja. Nisso, João de Germano, ao olhar para trás, percebeu um grupo de crianças curiosas vendo-o trabalhar. Ele grita “sai molecada, aqui não é lugar de brincadeira!”. Os meninos correram escada abaixo, mas, uma delas para, olha para trás com cara de raiva, com a mão na cintura e fixa seu olhar para mostrar valentia. Joãozinho ficou impressionado com a coragem da garota. Era ela, Sazinha.
A menina era cuidada por uma escrava, Iámaria ou Madinha Maria. Filha de escravos e escrava alforriada, pertencente ao seu padrinho (seu pai, Vicente Ferreira Gomes, havia ido à primeira Grande Guerra e foi dado como morto). A mãe adotiva era um zelo só com a jovem caucasiana, católica, olhos claros e muito bem prendada. Joãozinho começou a notá-la, ele a paquerava. Comprava um João-Bobo e colocava-o na sua janela, saia correndo e se escondia ao longe para ver se a jovem pegava o brinquedo. Imaginem a emoção dele ao vê-la pegar e olhar para todas as direções à procura de seu amor. Joãozinho já no ofício desde cedo e Sazinha ainda brincando de bonecas. Os anos se passaram e a amizade e o respeito continuou entre eles. Foi quando em 1918, ano da morte de Manoel Baptista Itajahy e a derrubada do Grande Mercado dos Cabaús em Itabaiana é que Joãozinho pede a mão de Sazinha em casamento. Mas, Sazinha ainda era uma criança na fase pré-púbere e que nem ao certo sabia o que era um namoro. Ela tinha pouco mais de 13 anos. Não sei no geral, mas entre Joãozinho e Sazinha deu tudo certo e o casamento aconteceu na Igreja Matriz de Santo Antônio e Almas de Itabaiana no final de 1918. Segundo relatos, dona Sazinha entrou tão linda que “mais Parecia Nossa Senhora mãe de Deus!”, isso Joãozinho repetiu até o momento de sua morte em 22 de Novembro de 1982 (Sazinha iria faleceu na década de 80 também).
Na semana do casamento algo mágico aconteceu. Joãozinho, ao ver praticamente se casando com uma criança que mal menstruava teve o respeito de mantê-la praticamente como uma irmã até o momento exato. Ele não a desvirginou, ele teve paciência de monge e esperou ela se desenvolver como mulher. Os anos se passaram e ele esperou de forma genial o momento exato de ter seus filhos e construir sua família. Os tempos mudaram...
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