A MORTE E A MORTE DA MORTE
Já parou pra pensar sobre nosso destino final?
Parece de fato confuso o título, e o é. Não vou explicar, assim como não sei como explicar a morte. Definitivamente acompanho o sentido do óbito bem mais do que o sentido da vida, pois vejo com mais frequência gente morta nas redes sociais do que crianças recém-nascidas.
O mundo está passando por um processo doloroso de recriação do ser humano, sem humanidade. A morte se tornou algo tão trivial que já não perguntam se as pessoas sobreviveram a um gravíssimo acidente, querem saber logo de cara quantos morreram, como morreram, se tem fotos deles vivos e mortos e onde aconteceu. Muitas vezes mais preocupadas com a morte alheia do que com o nascimento de um ente querido.
A morte já foi tabu. Na idade média, o responsável por adormecer a população e não acordar mais era representado por uma mulher velha, magra, usando uma roupa preta com capuz e uma foice na mão. Era o medo cintilante de esbarrar com esse ser monstruoso que cortaria a cabeça de nossa alma, tornando nosso corpo inválido para ser conduzido. Os séculos se passaram, a morte está aí pra ser debatida, mas as pessoas não querem debater, querem ver de perto. As pessoas olham a morte com atenção porque quando elas se forem, não poderão ver depois do último suspiro.
Não temos medo de morrer, temos medo da forma como morremos. Assim como altura, ninguém tem medo. Dormimos tranquilamente no centésimo andar de um edifício, mas temos medo de ficarmos sentados na sacada deste andar, sem proteção alguma. Definitivamente, temos medo de cair e virar gosma.
Eu já vi a morte de diversas formas, bem de perto, suspirante e nostálgica. Às vezes me pego pensando nela, tentando saber como partirei. A única coisa em comum nos meus pensamentos é que eu desejaria uma morte rápida, indolor, sem dar trabalho aos que estão ao meu redor. A dor é inevitável para poucos e um alívio para muitos. A partida deste mundo virá para todos, a não ser que o transplante de cabeça seja perfeito e em breve, de cérebros, colocando apenas os ricos no caminho da imortalidade.
Hoje, a Morte não é uma velha com uma ceifadeira no ombro, é um homem gordo, barbudo e que escreve livros. Seu nome é George R. R. Martin, pessoa de bem que não pode ver um vivo que vai e mata.
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