Aparecida (SE): West espera assinatura de acordo coletivo com trabalhadores esta semana
Grupo Priority pretende expandir fábrica de Aparecida e gerar novos empregos.
Por Aparecido Santana, SergipeNet.
A West Coast, empresa do Grupo Priority, vive o dilema da lucratividade x concessão de direitos trabalhistas, em Nossa Senhora Aparecida (SE). A fábrica espera com a assinatura do acordo coletivo, ainda esta semana, atender demandas dos funcionários representados pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados (SINDICALÇADOS), e planejar um ano estável.
No último dia 11 de abril, ocorreu uma manifestação dos sindicalistas em frente a empresa. Os manifestantes com auxílio de um som divulgaram direitos trabalhistas, que segundo eles, estão sendo desrespeitados. Entre os pontos citados estão: aumento salarial, horas trabalhadas, condições de trabalho, banco de horas e aumento no valor da cesta básica.
O presidente do sindicato, Fábio Menezes, alega que a escala de trabalho contabiliza uma carga horária acima das 40 semanais; condições de trabalho que exigem dos funcionários ficarem de pé mais de 10 horas seguidas, e alega ainda, que no caso do trabalhador que apresentar atestado médico para mais de três dias, a empresa pressiona para que o mesmo não tenha direito a cesta básica.
As demandas requeridas são pontos solicitados no acordo coletivo de 2017, que ainda não foi assinada. Antônio Hoffman, gerente da empresa, afirma que nenhum direito do ano anterior está sendo tirado no que está sendo proposto, e ainda garante o cumprimento de parte do que está sendo pedido pelo sindicato. “Nós estamos dando o aumento no valor da inflação, de 6,57%, e ainda incluímos mais um item na sexta básica, e um aumento no vale creche”, destaca.
Um dos pontos polêmicos do acordo é o banco de horas, que trata-se de um ajuste entre as partes, ficando estabelecido que, ocorrendo necessidade de paralisação ou diminuição na produção, as horas não efetivamente trabalhadas poderão ser compensadas posteriormente, sem que os trabalhadores tenham direito ao pagamento de horas extraordinárias, quando da ocorrência de aumento de produção. O sindicato alega que essa compensação do banco de horas vem ocorrendo em sábados ininterruptos, mas o gerente contrapõe ao citar que geralmente é feito a cada 15 dias, e ocasionalmente é trabalhado um sábado a mais, e mesmo assim o trabalhador recebe 50% de horas extraordinárias.
O gerente assegura ainda o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a colocação de assentos para descanso até o mesmo de setembro do corrente ano. Sobre a cesta básica, ele alega que trata-se de um benefício que não é obrigatório pela empresa, e por ser um bônus é disponibilizado apenas para aqueles que estão trabalhando, mas mesmo assim está disposto a conceder o benefício em casos de atestado de até 10 dias.
O cumprimento destes termos está próximo da assinatura do acordo, o gerente afirma que espera que isso aconteça até a próxima quinta-feira, dia 20.
Balança de mercado no ramo calçadista
O gerente comenta que o ramo calçadista tem seus autos e baixos, e cita o ano passado, ocasião que, segundo ele, a empresa dispensou os funcionários nos dois primeiros meses às sextas e segundas-feiras, por falta de serviço e mesmo assim todos receberam seus vencimentos, sem trabalhar.
Antônio diz ainda que, todos anos o período entre maio e julho é delicado para a fábrica, por se tratar da mudança de coleção, e desta forma, é necessário continuar produzindo para manter os funcionários sem demitir, tendo que armazenar calçados para negociar posteriormente.
Geração de novas oportunidades de emprego e perspectivas para 2017
A West está instalada em Nossa Senhora Aparecida há 07 anos e tem sido a força motriz da economia da pequena cidade, de cerca de 8.500 habitantes. Atualmente a empresa emprega 523 pessoas, somando um total de 800 funcionários em todas as unidades do estado de Sergipe.
A isenção fiscal, na cidade que leva o nome da santa, tem sido um dos fatores preponderantes para a lucratividade da empresa, se comparado a unidade instalada em Rio Grande do Sul, e esse benefício está assegurado a empresa até 2029, mas após esse período o gerente assegura “não temos a mínima intenção de deixar a cidade”.
A teoria de que tempo é dinheiro ganha dimensão ainda maior em uma fábrica como a West. Afiado nas despesas e lucros, Antônio explica os números que movem o dia-dia da calçadista, que produzi cerca de 7.500 calçados por dia, mas precisa aumentar a produção para garantir a margem de lucro, uma vez que as despesas chegam a escala de seis zeros.
O ano de 2017 está sendo visto com otimismo pela empresa, que está contratando mais funcionários e espera ampliar ainda mais, isso porque, a fabricação da Cravo e Canela, marca feminina, deve aumentar em cerca de 2 mil calçados por dia, após uma ampliação que já está sendo analisada, e dessa forma podem ser gerados duzentos novos empregos.
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