Camilo avalia: “Base política bolsonarista hoje é terrorista e delinquente”

Em entrevista, Camilo avalia o cenário político estadual e federal, com fortes ponderações acerca da tentativa de golpe promovida por bolsonaristas em Brasília


17/01/2023 20:12

por Daniel Rezende

Ex-vereador e atual suplente por Aracaju, Camilo (PT), bateu na trave em 2020 com 1.861 votos na chapa formada por candidatos do Partido dos Trabalhadores. Mas isso não tem impedido que o jovem de 31 anos continue debatendo política e participando ativamente das construções internas do partido e dos movimentos sociais, a exemplo do Movimento Sem Terra (MST), no qual possui um histórico de militância desde criança.

Em longa entrevista concedida ao PolíticadeFato, Camilo avaliou o cenário político estadual e federal, com fortes ponderações acerca da tentativa de golpe promovida por bolsonaristas em Brasília no último dia 8 de janeiro. Também não deixou de alfinetar o governo Fábio Mitidieri (PSD) pelas nomeações e alianças e, claro, falou sobre a composição de cargos do Governo Federal e o PT, que este ano passará pelo processo de escolha dos novos presidentes nacional, estaduais e municipais através do PED (Processo de Eleições Diretas), além da possibilidade de o partido lançar candidatura própria a prefeito de Aracaju em 2024. 

Qual a sua análise sobre os atentados terroristas e a tentativa de golpe bolsonarista do domingo, 8?

Camilo: O bolsonarismo está em desalento. Não havia outro caminho para eles a não ser o que já fora traçado por Donald trump nos Estados Unidos. Foi assim que eles construíram uma realidade paralela negacionista e foi assim que eles conseguiram mobilizar essa pequena base política.

Mas as coisas precisam ser ditas pelo nome certo: A base política bolsonarista hoje é terrorista e delinquente, apostam no caos e precisam ser barrados pela força da lei.

Nunca houve na história da República um atentado dessa proporção. Mas vale lembrar que nada disso aconteceria se a polícia não fosse conivente com esse atentado. Eu já vi manifestações muito maiores com pautas reais e para o bem comum serem tratadas como inimigas e dispersadas pelas forças militares. Estamos Falando de algo muito grave: como é possível que pouco mais de duas mil pessoas passem por uma barreira policial sem nenhuma resistência e quebrem completamente os três poderes da República?

Essa tentativa de golpe frustrada não pode ficar impune. É preciso que todos que participaram dos atentados sejam presos, é preciso que seja desarticulado esses grupos nos Estados e que principalmente os seus financiadores sejam condenados, para que retomemos o mínimo de governabilidade no país.

 Como você vem avaliando esse início do governo Mitidieri?

Camilo: O atual governador foi eleito buscando o voto do lulismo em Sergipe, mas o que se observa na montagem do seu governo, é um alinhamento da velha política, do lavajatismo em descenso e do bolsonarismo ao seu projeto, o que leva a crer que o seu discurso na eleição era falacioso.

E essa contradição se acentua mais ainda porque não há na formação do seu secretariado um alinhamento de pautas com o governo do presidente Lula.

Como você acompanha o processo de sucessão à prefeitura de Aracaju? O PT deve lançar algum nome ou se aliar a Edvaldo?

Camilo: Acredito que o debate municipal ainda não está colocado porque há muita expectativa sobre o início do governo Lula e os rumos que isso dará na política em todo o país, mas eu não acredito que o PT será protagonista nesse próximo período se não ousar com um programa diferenciado e uma articulação mais ampla.

Esse ano tem PED no PT. Você pretende disputar e se não, quais são os melhores nomes?

Camilo: Foi construído um campo político em 2013 liderado por Rogério, João Daniel e Ana Lúcia que tinha como objetivo ampliar cada vez mais a relação dos movimentos sociais com o PT. Quanto a isso, esse campo político é completamente exitoso. E acredito, particularmente, que isso deve ser ampliado ainda mais com a renovação das próximas direções. É fundamental que as lideranças dos movimentos populares, sindicais e de juventude sejam protagonistas desse processo.

Imagine que nos últimos 6 anos o PT e as suas lideranças foram gravemente atacadas, primeiro pela lava jato depois pelo bolsonarismo, e quem segurou toda essa maré foram os movimentos sociais. Quem levantou acampamento em Curitiba por 580 dias para denunciar a prisão ilegal que Lula estava sofrendo foi o MST, quem organizou a resistência contra o governo bolsonaro e sua política genocida foram as frentes Brasil popular e povo sem medo. É fundamental que essas forças não só sejam dirigentes também dos rumos partidários como também tenham voz e força política para ajudar a governar o país.

E sobre a composição dos cargos federais em Sergipe? Está acompanhando? 

Camilo: Eu acredito que o presidente Lula e os nossos parlamentares petistas escolherão os melhores quadros políticos e técnicos para ocupar esses cargos. A sensação que eu tenho é que 24 horas por dia de trabalho ainda é pouco para recompor o tamanho do desmonte das políticas públicas ocorridas nesses últimos anos.


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