Márcio Macedo rompe limites institucionais e prejudica Lula e PT em Sergipe
Relembrar não custa caro: Márcio Macedo e Eliane Aquino foram os precursores do rompimento do PT com o bloco governista
por Daniel Rezende
Os constantes afagos do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macedo (PT), ao bloco governista formado pelo governador Fábio Mitidieri (PSD) e pelo prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), têm rompido os limites institucionais entre política pública e política partidária. Por mais que o atual ministro negue veementemente, até o mais leigo espectador político do estado já percebeu o jogo de interesses envolvido nas suas posições que, inclusive, têm prejudicado a imagem de Lula e do PT em Sergipe.
Ao romper com o bloco governista e lançar o senador Rogério Carvalho ao Governo de Sergipe, o PT enfrentou grandes dificuldades junto à opinião pública para provar que a partir dali estava se comportando como oposição. As dificuldades foram tamanhas que parte da derrota de Rogério ao governo podem sim ser creditadas ao tempo em que o partido permaneceu no bloco de situação e demorou a romper.
Após um pleito muito disputado e que culminou na derrota petista por uma porcentagem muito baixa em relação ao vitorioso Fábio Mitidieri, era esperado pelo eleitorado sergipano que o partido assumisse uma posição de enfrentamento. No que tem dependido de Rogério Carvalho e do deputado federal e presidente do PT em Sergipe, João Daniel (PT), essa posição tem sido honrada. Mas em relação a Márcio e a sua corrente partidária, não.
À imprensa, Márcio tem sido enfático e o discurso é uníssono: “As relações de momento são apenas institucionais”. Mas acontece que no mundo político partidário há pouco espaço para gestos tão afetuosos como os que Márcio tem promovido aos governistas. Aliás, não só Márcio... A sua aliada de primeira hora e secretária nacional de Renda e Cidadania, Eliane Aquino (PT), acompanha o relator.
Eliane, inclusive, não esperou nem mesmo a sua nomeação na secretaria nacional para exibir toda a sua “institucionalidade”. A ex-vice-governadora posou para fotos com o governador até então eleito, Fábio Mitidieri, e assistiu palestras coladinhos apenas um semana pós-eleições em um encontro promovido pelo Instituto Lemann na Inglaterra. Na sequência, junto com Márcio, posou ao lado de Edvaldo Nogueira durante o Pré-Caju, em um momento para lá de descontraído e “cheio de dentes”.
A resposta para as atitudes de Márcio e Eliane é simples: Ambos utilizam do seu momentâneo prestígio e poder para “forçarem” uma reaproximação com o bloco liderado por PSD e PDT. Nessa jogada, é notória a intenção de afastar do protagonismo o senador Rogério e o deputado federal João Daniel.
Porém, há uma diferença entre João e Rogério para Eliane e Márcio que passa desapercebida pelos olhos dos dois: Os primeiros estão eleitos para mandatos eletivos por quatro anos, enquanto a dupla do Governo Federal ocupa cargos comissionados, passivos de instabilidade e com possibilidade de exoneração a qualquer momento.
Falar em exoneração é cedo. Márcio e Eliane demonstram muito prestígio e competência nas suas funções. Mas se a situação continuar se agravando, não tenha dúvida de que não tardará até que o presidente Lula tome conhecimento de como ambos têm se valido das suas posições de prestígio no governo para “driblar” a militância que aguarda ansiosamente uma postura aguerrida e de uma oposição característica do modo operante petista.
Relembrar nunca é demais: Fábio foi eleito no segundo turno sem pedir um mísero voto a Lula, usando da estratégia da neutralidade e do protagonismo de bolsonaristas em seu agrupamento para conquistar votos de uma direita que, se pudesse, exterminava Lula e o PT do cenário político em um piscar de olhos.
Ah, e como relembrar também não custa caro: Márcio Macedo e Eliane Aquino foram os precursores do rompimento do PT com o bloco governista. Em 2020 o petista se lançou candidato a prefeito de Aracaju contra Edvaldo Nogueira a contragosto de muitas alas do PT e enxurrou a campanha eleitoral de agressões contra o próprio Nogueira. Nada como o tempo para apagar algumas mágoas...
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