CARTA DE SUICÍDIO
Quantas pessoas depressivas você conhece?
"CARTA DE UM FINITO
Todas as vezes que me olho ao espelho penso duas coisas: sorrir ou desaparecer. Há anos não tenho mais vontade de rir como em meus tempos áureos quando recebia um beijo de boa-noite ou tinha amigos. Não, não faz mais sentido viver num mundo onde a inversão de valores está emergindo, e para ser bom tem que ser ruim. Não quero me matar para tirar minha vida, mas tirar meu sofrimento, minha dor. Estou sozinho, quero ser mil coisas difíceis que sei que não conseguirei um dia. Quero ser ator, a sociedade me impõe a advocacia; quero ser escritor, acabam me impondo a medicina. Qual a melhor forma de se matar? Qual a mais rápida? Qual a menos egoísta? Eu sei que depois que eu me for, muitos velarão meu corpo como se eu fosse um bezerro de ouro ou contarão histórias mentirosas e alegarão que foram meus amigos. Bem, eu não posso voltar para desmentir, então apenas virarei adubo. Mas, pelo menos assim, uma planta nascerá em meu local de descanso eterno, tornando-me útil. Talvez nem corpo exista, talvez nem a Alma sobreviva. Mas, sei que vim, vivi e senti esse mundo podre. Adeus, mas adeus a quem?
Robério Santos Jr., 16 de maio de 1998. Aracaju-SE"
Bem, se você chegou até aqui saberá que não estou me despedindo. Esta carta de suicídio eu a escrevi em 1998 e eu pensava de fato cometer o ato. Mas, Ainda bem que desisti. Hoje relendo, quis compartilhar com vocês algo triste e feliz que me aconteceu há quase 19 anos e pensando que outros neste exato momento passam pelo mesmo e tiram suas vidas. Conversem com as pessoas ao seu redor, quem sabe podem salvar uma alma.
Um abraço a todos!
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