ESTÂNCIA: 16 DE SETEMBRO, 25 DE OUTUBRO OU 04 DE MAIO? Por Dominguinhos Machado
Aniversariar é instante propício para fazer balanço, corrigindo equívocos rumo ao futuro. A sociedade tem essa tarefa: refletir sobre o seu passado, objetivando a manutenção da sua tradição de “Berço da Cultura Sergipana”!
A formação histórica de uma cidade é resultado de um conjunto de eventos distribuídos na linha do tempo. É primordial olhar para o passado, tendo sempre o cuidado de não deixar escapar instantes importantes.
A certidão de nascimento de Estância é de 16 de setembro de 1621. Nessa data, João Mendes, capitão-mor da província, doou as terras situadas às margens do rio Piauí a João Dias Cardoso, Pedro Homem da Costa e Pedro Alves.
A colonização começou e ainda no século XVII, Mércia Cardoso, esposa de Pedro Homem da Costa, devota de Nossa Senhora de Guadalupe, solicitou ao marido a construção de uma igrejinha de pedra e cal em louvor da virgem, e foi atendida.
Estância é um exemplo de cidade ibérica. Num terreno mais alto se instalou a administração local e a Igreja Católica, a partir daí, a malha urbana se desenvolveu de maneira espontânea, resultando em praças e ruas irregulares.
Na segunda metade do século XVIII , o desenvolvimento cultural, econômico e social já era significativo. Principal núcleo populacional do sul de Sergipe. As riquezas da região passavam pelos seus portos.
Devido ao seu nível de desenvolvimento, em 25 de outubro de 1831, emancipou-se de Santa Luzia do Itanhi, sendo elevada à condição de vila. Essa deveria ser, na verdade, a data magna do município para efeito de comemoração.
Na presidência de Zacarias de Góis e Vasconcelos através da Resolução nº 209, de 04 de maio de 1848, a Vila Constitucional alcançou à categoria de cidade, e desde a década de 1980, é tratada como a grande data histórica municipal.
Os organismos ligados à cultura e a história precisam meditar sobre a data magna: a fundação da povoação, à emancipação política de Santa Luzia do Itanhi, com tensões e acirramentos ou à elevação de cidade?
A grande data municipal deveria ter como referência a independência da cidade com relação a sua antiga composição política e territorial. Certamente esse debate histórico produziria uma outra compreensão.
Aniversariar é instante propício para fazer balanço, corrigindo equívocos rumo ao futuro. A sociedade tem essa tarefa: refletir sobre o seu passado, objetivando a manutenção da sua tradição de “Berço da Cultura Sergipana”!
José Domingos Machado Soares (Dominguinhos)
Ex-vereador e professor da Rede Estadual
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