Embate João Daniel x Cabo Amintas traz a tona o passado violento do ex-policial
Se para Amintas qualquer delito é passível de execução, mesmo sem julgamento prévio dos órgãos competentes, que dirá alguém que já foi condenado pela própria justiça como ele próprio
Um embate entre o deputado federal João Daniel (PT) e o ex-vereador e ex-policial Cabo Amintas repercutiu na Transamérica FM sob a apresentação do radialista Luiz Carlos Focca durante a manhã desta quarta-feira, 12. O deputado defende a apuração da ação policial que culminou na morte se quatro jovens no Bairro Industrial de Aracaju e foi atacado pelo ex-vereador que o acusou de defender bandidos.
Antes de tudo, é preciso recordar o histórico do ex-policial. Durante sua carreira militar Cabo Amintas ganhou fama pelo histórico de brutalidade nas ocorrências policiais e demonstrações baratas de publicidade policialesca, com gravações que eram exibidas no programa Tolerância Zero, da TV Atalaia. Nesse meio tempo, os primeiros processos por abuso no exercício da profissão começaram a surgir e, em um deles, Amintas foi condenado a um ano e seis meses de prisão por lesão corporal em um caso que, inicialmente, foi tratado como tentativa de homicídio.
Ao atacar João Daniel, que solicitou dos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos, bem como a Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial (CDHM) da Câmara dos Deputados a apuração rigorosa da ação policial, o ex-cabo expõe um inquietante paradoxo: Que moral tem um homem condenado pela Justiça para defender a tese de que todo bandido deve ser morto pelo Estado e suas forças policiais? No mínimo há uma tese suicida pairando no ar.
Se para Amintas qualquer delito é passível de execução, mesmo sem julgamento prévio dos órgãos competentes, que dirá alguém que já foi condenado pela própria justiça…
A verdade é que o ex-político tenta se promover e ressuscitar sua imagem política há muito desprestigiada e derrotada nas urnas em cima de uma ação séria, necessária e justa do deputado federal João Daniel. Afinal, o parlamentar quer apenas a investigação dos fatos e, se estes se mostrarem coerentes com a versão policial, os envolvidos serão absolvidos pela justiça. Não é mesmo?!
Mecanismos de controle da atuação policial são necessários numa sociedade democrática e servem para que interrogações como as impostas pela deputado sejam respondidas perante à sociedade. Não se deve dar carta branca para matar a absolutamente ninguém. Esse pensamento perigoso é o alicerce de uma sociedade desigual e entregue à selvageria.
É lamentável dar palco a uma figura tão apagada e de ideias tão arcaicas como Amintas, cuja especialidade na Segurança Pública sempre foi o derramamento de sangue. Mas se não combatermos discursos populistas e facistas como os seus poderemos ser os próximos alvos da “carta branca” tão defendida pelo ex-policial.
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