Boicote à candidatura de Linda é fruto do pragmatismo crescente no PSOL Sergipe

Em entrevista à Fan FM, Brasil mostrou disposição em manter a pré-candidatura


09/02/2024 14:46

por Daniel Rezende 

O movimento de retirada da pré-candidatura de Linda Brasil (PSOL) à Prefeitura de Aracaju em detrimento da escolha por Niully Campos (PSOL) é fruto de um movimento conservador e pragmático que tem ganhado cada vez mais espaço no Diretório do PSOL de Sergipe.

Não há dúvidas de que a deputada estadual Linda Brasil é o nome mais forte do partido para a disputa majoritária na capital. Ela vem de uma crescente, especialmente em Aracaju, e se consolidou como principal nome do partido ao abrir distância de mais de 5 mil votos do seu principal adversário por uma vaga na Alese, Iran Barbosa (PSOL), em 2022.

Em entrevista ao jornalista Narcizo Machado, da Fan FM, Brasil mostrou disposição em manter a pré-candidatura e disse que tem recebido respaldo de dirigentes nacionais do partido, além de mencionar a força que Niully Campos daria à chapa de candidatos a vereador, caso o partido optasse por essa estratégia.

Por que não ser a escolhida do partido? É simples: Há um pragmatismo, o qual também pode ser chamado de conservadorismo, crescente no PSOL e que não aceita a ascensão da única deputada transexual de Sergipe. É visível que Linda é vista como uma ameaça pelo seu forte apelo popular e eleitoral. Na prática, a deputada tem o maior potencial entre todas as figuras psolistas e isso incomoda em níveis elevados.

Esse conservadorismo é fruto das filiações a nível estadual dos últimos anos. É perceptível o quanto o partido afastou do protagonismo quadros como o da vereadora Sônia Meire (PSOL), fundadora do partido e defensora da pré-candidatura de Linda, para dar protagonismo a recém-chegados com pouca ou nenhuma história pela esquerda sergipana.

Nomes como o do ex-deputado Iran Barbosa e do ex-candidato a prefeito de Estância, Sargento Márcio Souza (PSOL) possuem forte infiltração no eleitorado progressista, mas não escondem o pragmatismo com que tratam a política na prática. Em 2020 o militar fez alianças questionáveis com o ex-deputado federal Valdevan Noventa; com o ex-prefeito, empresário e bolsonarista Ivan Leite (PSDB) e com o também ex-prefeito Carlos Magno (PSB), responsável por massacrar os servidores públicos no período que geriu o município.

Já Iran Barbosa trocou o PT pelo PSOL sob a perspectiva de receber um fundo eleitoral mais robusto, o que de fato se concretizou com o recebimento de mais de R$ 400 mil do partido em 2022, enquanto a deputada recebeu apenas R$ 171 mil. Não há dúvidas de que ele também observou a possibilidade de assumir o controle do partido em uma aliança com a tendência “Primavera Socialista”, comandada por Márcio no estado e em Estância. Ou seja: Houve aqui um pragmatismo muito bem camuflado, mas que atendeu corretamente aos interesses do deputado.

É preciso aproveitar este momento e o possível respaldo de dirigentes nacionais para uma profunda reflexão do Diretório Psolista: Até que ponto vale a manutenção de um ponto de vista pragmático nas escolhas internas?


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