Rogério faz jogo perigoso com aceno duplo a Valmir e Fábio
Da Redação Política de Fato
As últimas entrevistas do senador Rogério Carvalho (PT) têm dado o que falar nos bastidores da política sergipana e o fator de repercussão é o aceno duplo ao governador Fábio Mitidieri (PSD) e ao potencial candidato ao governo, Valmir de Francisquinho (PL). Embora demonstre cordialidade e diplomacia, virtudes que ressignificam uma imagem que adversários tentam imputá-lo, os gestos são conflituosos para um político que carrega consigo a responsabilidade de representar uma militância de esquerda com posição ideológica definida no jogo político.
É natural que o senador não queira arriscar uma disputa ao Governo do Estado e coloque como meta uma reeleição ao Senado Federal. Mas optar pela segunda alternativa não significa fazer do projeto petista um puxadinho para candidaturas aleatórias que não tenham sinergia com a militância do partido.
Embora Fábio Mitidieri e o PSD sejam aliados históricos do PT em Sergipe, - tendo Rogério escolhido o tio do próprio governador, Jorge Mitidieri, como seu suplente em 2018 - os “arranhões” da campanha de 2022 e a postura de oposição do partido desde então fazem dessa aliança uma verdadeira mistura de água e óleo. Principalmente porque parte do próprio Rogério as críticas mais veementes, inclusive contra o companheiro de partido, ministro Márcio Macêdo (PT), que vive de afagos com o governador pessedista.
Ainda assim, o senador fez acenos a Mitidieri pela segunda vez em menos de três meses e deu a entender, junto ao último gesto para Valmir, que o Partido dos Trabalhadores não prioriza a construção de uma candidatura ao governo pela via da esquerda, seja com um candidato do próprio partido ou de aliados ideológicos como o PSOL, e prefere ser arrastado a tiracolo em uma candidatura pouco alinhada aos princípios partidários.
Mas talvez o mais difícil para a militância seja mesmo o aceno a Valmir de Francisquinho. Eleitor de Bolsonaro e filiado ao PL há trocentos anos, o prefeito de Itabaiana faz questão de dizer aos quatro cantos do estado que errou em se aliar com Carvalho em 2022, evitando ser visto com o petista nos mesmos ambientes. Foi o próprio filho de Francisquinho quem abriu o verbo em uma entrevista e deixou no ar que a aliança com Rogério teve como intuito somente uma “ajudinha” na justiça eleitoral.
É hora de uma reflexão aguda no seio do partido, pois os reflexos desta e outras posições recentes podem encaminhar um futuro de extremas dificuldades à sigla.
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