ONG faz mapeamento de bandas brasileiras extremistas; uma delas é de Sergipe
Um relatório divulgado pela ONG ‘Stop Hate Brasil’ nesta semana mapeou as bandas brasileiras que utilizam a música, especialmente o gênero black metal, para promover ideologias extremistas, como o nazismo, o antissemitismo, o racismo e o supremacismo branco. O estudo identificou 125 grupos ativos, sendo um deles de Sergipe.
Conforme a pesquisa, se somadas, essas bandas têm cerca de 650 álbuns lançados, muitos deles disponíveis em plataformas de streaming de música. Há 15 anos, eram 45 grupos — ou seja, o número quase triplicou.
O relatório, no entanto, não divulga o nome das bandas nem a lista completa dos grupos investigados. Em entrevista ao Jornal da Fan, da rádio Fan FM, nesta quarta-feira, 29, a pesquisadora Michele Prado, uma das responsáveis pelo levantamento, explicou que o objetivo é evitar a promoção involuntária desses grupos, priorizando orientações sobre como combater essas práticas sem dar publicidade a eles ou seus membros.
“É uma banda recente, com poucos anos de atividade. Nós não podemos citar nomes ainda porque todas elas [as bandas] estão sob investigação federal. Então, a gente não quer dar publicidade para essas bandas neonazistas”, disse Michele.
De acordo com o relatório, essas bandas são associadas ao movimento National Socialist Black Metal (NSBM), com letras e ideologias que defendem o nazismo, neonazismo, antissemitismo, supremacia branca, racismo e violência contra judeus, a comunidade LGBTQIA+ e negros.
A pesquisa revelou que São Paulo concentra a maior parte dessas bandas, com 45 grupos identificados. Outros estados, como Rio Grande do Norte, Goiás e Sergipe mostram, de acordo com o levantamento, que a ideologia extremista está se espalhando por diversas regiões, muitas vezes impulsionada por redes digitais.
Conforme a ONG, o levantamento foi realizado com a análise de capas de álbuns, símbolos, letras de músicas e participação em festivais de supremacia branca. Além disso, foram consultados especialistas da cena black metal para garantir a precisão das informações.
No Brasil, manifestações de racismo e antissemitismo são consideradas crimes graves de acordo com a Lei nº 7.716/1989. Esses atos são qualificados como inafiançáveis e imprescritíveis.
No documento, os pesquisadores classificam o mapeamento como uma ferramenta crucial para o desenvolvimento de políticas públicas de combate ao extremismo e para o trabalho das autoridades de segurança, como a Polícia Federal, para onde podem ser direcionadas denúncias de crimes do gênero.
Para combater os impactos dessas bandas, o relatório traz a necessidade de incluir uma moderação mais rigorosa de conteúdo nas plataformas digitais, assim como projeto de lei que institua uma lista de indivíduos/redes e grupos como entidades terroristas.
“A Stop Hate brasil insiste na necessidade de uma regulamentação específica para o extremismo violento e terrorismo online, longe da polarização político-partidária e eleitoral. O trabalho conjunto entre organizações locais e internacionais é essencial para desmantelar redes que promovem ideologias extremistas e proteger a sociedade dos danos causados por esses movimentos”, diz o documento.
Fonte: Fan F1
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