Setembro Amarelo: 100 pessoas cometem suicídio por ano em Sergipe
Organização Mundial de Saúde considera uma epidemia, que leva a morte de uma pessoa a cada 40 segundos.
Por Aparecido Santana.
O suicídio é uma das principais causas de mortes por fatores externos no mundo, e o estado de Sergipe, o menor da federação, registou 1560 pessoas que tiraram a própria vida em um intervalo de 15 anos (2000 a 2015), de acordo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/DATASUS).
Analisando os dados do DATASUS foi possível perceber que durante estes 15 anos, houve uma predominância de suicídios cometidos por pessoas do sexo masculino, com uma taxa de 74,35%, numa proporção de 3:1, solteiro (64,7%), etnia parda (66,5%) sendo o enforcamento o método mais utilizado (54,7%) para ambos os sexos.
No país, a maioria dos suicídios são praticados por meio de enforcamento, seguido por lesão por armas de fogo e autointoxicação intencional por pesticidas, equivalendo a aproximadamente 80% dos casos. A população indígena está mais associada à chance de morrer por essa causa, assim como as pessoas com menor escolaridade, os homens e os maiores de 60 anos.
O suicídio tem sido considerado uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No ano 2000, um milhão de pessoas faleceram por suicídio (uma morte a cada 40 segundos), e estima-se que o número de tentativas seja de 10 a 20 vezes superior ao número de mortes (uma tentativa a cada 3 segundos), sendo que há previsões de que em 2020, cerca de 1,5 milhões de pessoas se suicidarão.
De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2016, há uma média de quase um óbito por hora no Brasil, sendo a terceira causa de mortes entre jovens no país, perdendo para homicídios e acidentes de trânsito, vitimando 8.688 pessoas por ano.
Segundo o médico Wellington Santana, nas urgências dos hospitais em que trabalha na grande Aracaju aproximadamente 1 % dos pacientes atendidos são algum tipo de intoxicação. Entre esses pacientes que tem como causa intoxicação cerca de 0,5 % são alguma tentativa de suicídio. “As tentativas de suicídio são mais comuns em jovens e tendo como principal causa problemas depressivos em que os pacientes ingerem medicamentos em excesso tendo como objetivo final o suicídio. É comum ainda a presença de pacientes do campo com intoxicação por carbamato e outros pesticidas”, relata.
No livro “Transtornos Mentais sob um Novo Prisma” de Norma Alves de Oliveira, presidente da Associação Sergipana de Psiquiatria (ASP), ela cita alguns fatores de risco como problemas antes ou durante o nascimento, perda dos pais na infância, vítimas de abusos sexual, histórico familiar, portadores de transtornos e entre outros.
De acordo com Norma Alves, uma das formas de prevenção tem sido palestras em instituições científicas e na comunidade abordando o tema sob uma perspectiva integral. “É comum, depois de algumas palestras, pessoas me procurarem e darem o depoimento de que estavam pensando em suicidar-se, mas que agora encontraram uma luz para fortalece-las”, relata.
Norma Alves enumera alguns Fatores importantes na prevenção, como: ambiente sócio-familiar seguro, relacionamentos saudáveis, expressão adequada dos sentimentos, ressignificação das crenças que mantêm padrões autodestrutivos, exercer sua tarefa pessoal e humanitária, meditação, ter um sentido para a vida, encontrar o propósito do ser, autoconhecimento na direção do ser em detrimento do ter, espiritualidade, solidariedade, fé, oração e vigilância.
Ainda segundo a psiquiatra, há uma preocupação no sentido de orientar os profissionais da saúde que trabalham nas urgências para encaminharem os pacientes com tentativas de suicídio para profissionais da saúde mental, uma vez que estudos mostram que a grande maioria tem algum tipo de transtorno, sobretudo dentro do espectro da depressão.
Com o crescente número de casos de suicídio, sendo considerado pelas instituições que gerenciam a saúde como grave problema de saúde pública, existem instituições que tem se mobilizado no sentido de descobrir estratégias eficazes de prevenção. No Brasil um dos principais trabalhos para a prevenção de homicídios no país é feito pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). O centro realiza atendimento online e por telefone, mas não divulga dados específicos, pois o atendimento é sigiloso. São aproximadamente 70 Postos e cerca de 2.000 Voluntários, que se revezam para o atendimento 24 horas por dia, inclusive aos domingos e feriados. O atendimento é prestado por telefone (141 para todo Brasil ou nos respectivos telefones de cada posto), e-mail, pessoalmente nos postos e via chat, sendo a primeira entidade do gênero no mundo a prestar atendimento via chat.
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