O palaque que une “golpistas” e “petistas” em Aparecida

Editorial SergipeNet.


20/03/2018 12:12

A política é definitivamente uma estranha alquimia, com irrazoáveis limites, múltiplas possibilidades, em que os opostos estão juntos e os semelhantes separados ou vice-versa. O sim é não e o não é sim. Quando um político usa o termo “meu povo, este pronome possessivo grita uma ideia de posse anacronicamente moderna, desloca o cidadão da condição de sujeito ativo da história para uma secundaria posição de substantivo primitivo fruto da morfossintaxe enganosa da classe dominante brasileira. E se o bom exemplo é o de casa, vamos à lição.

Em Nossa Senhora Aparecida, médio sertão do estado, o grupo comandando pela prefeita Vera Sousa (MDB) é tão heterogêneo que comporta lideranças do PT, e de partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, a exemplo do PSC, PSL, e do próprio partido da gestora, o agora MDB do presidente Michel Temer.

Vera foi reeleita com 51,65% dos votos, e cinco dos nove vereadores compõem a sua base, devendo sair da Câmara Municipal o nome para o pleito de 2020. Mas antes deverá tentar manter unido seu grupo na tentativa de apoio aos seus aliados estaduais.

Entretanto, as contradições internas do grupo situacionista poderá causar deserções ou até mesmo rachas. Como é notório, o leque de tendências é bem eclético e diverso. Entre antigos e novos aliados, os pensamentos quando se trata da política estadual divergem. E muito. Tem a ala petista; o grupo filiado a partidos “golpistas” e outra turma que prefere aguardar o caminho das pedras.

Alguns sintomas comprovam isso: Fábio Reis deverá receber o apoio da prefeita. Mas nãos será unanimidade entre os aliados. No mínimo dois vereadores não votarão “em deputado que é contra a classe trabalhadora”. E quando se trata de deputado estadual aí o pandemônio é bem maior e a divisão fica ainda mais evidente. No mínimo quatro candidatos a Alese será votado em Aparecida por aliados de Vera: Francisco Gualberto, Jeferson Andrade, Maria Mendonça, Maisa Mitidieri e Zezinho Guimarães. Haja voto!

Sem contar que as possíveis pré-candidaturas a cargos majoritários podem deixar a cabeça do eleitor em parafuso. Imagine que André Moura e Jackson Barreto venham mesmo a registrar candidaturas ao Senado. Quem do grupo “do 15” de Aparecida vai pôr as “praguinhas” do líder de Temer e de JB no peito, simultaneamente?

Estes “testes de fidelidade” e poder de transferência de voto será fundamental para Vera escolher o seu sucessor.

É aguardar.


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