Guinada de Georgeo Passos à centro-esquerda testa critério do eleitor

Editorial SergipeNet.


12/04/2018 08:50

A politica de Sergipe este ano apresentará algumas incógnitas, surpresas e acomodações improváveis, se fizermos um recorte diacrônico. Passado o período das filiações e troca de partidos, estipulado pela legislação, todos aqueles que desejam disputar as eleições de outubro próximo já se articulam em suas bases e começam a criar um mote programático, ou pragmático na maioria dos casos, que facilite a compreensão do eleitorado.

O caso emblemático foi a decisão do então líder da oposição, Georgeo Passos, que trocou o Partido Trabalhista Cristão (PTC) pela Rede Sustentabilidade. Sua decisão em sair de uma sigla que dentro do espectro político-ideológico representa valores conservadores para embarcar em uma agremiação que vem se apresentando com propostas de implementar “uma nova política”, nos dizeres dos seus líderes nacionais. Não vamos nos aprofundar nas diferenças funantes entre PTC e Rede, mas os impactos do posicionamento do parlamentar sergipano.

Georgeo vem de uma linhagem política mais tradicionalistas e tanto o avô, Chico Passos (in memorian), como o pai, Antônio Passos, sempre estiveram ligados a siglas vinculadas ao sistema. Com uma longa história política, os Passos iniciaram na ainda na União Democrática Nacional (UDN); passaram a integrar a Aliança Renovadora Nacional (ARENA); e continuaram no antigo Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (Dem). Esta fidelidade longeva é marca registrada de Chico e Antônio, principais lideranças do grupo familiar.

Ao migrar para a Rede o jovem deputado sinaliza uma nova maneira de encarar a politica partidária. Aliás, o próprio estilo o diferencia de seus antecessores. Bom de tribuna, estudioso, leal nos embates e firmes nos argumentos, foi o principal adversário de parlamento do atual governo, e por isso mesmo alçado a líder da Oposição. As pauta defendidas repercutem na sociedade por se tratar da natureza coletiva, classista e municipalista. Georgeo levantou bandeiras importantes nesta legislatura, reconhecimento tido por outro deputado com larga experiência na Alese.

E foram justamente as pautas defendidas que, inconscientemente, o aproximava de um campo politico ainda novo para ele. Desde a defesa dos servidores público à defesa da causa animal ou de acessibilidade, GP se diferenciou dos demais deputados mais à direita ou a esquerda, que preferiam temas paroquiais ou corporativistas. Em suma, pelo trabalho desenvolvido não foi novidade alguma se juntar aos “elos” que fazem a Rede em Sergipe.

O perigo continuar no grupo liderado por André Moura e Eduardo Amorim era que de o eleitor não conseguisse diferenciar seu trabalho da anomia dos demais componentes oposicionistas.
Em tempos de negação da política, de possibilidade de abstenção, votos nulos, é necessário mais do que fazer uma bela campanha: é fundamental convencer o eleitor.

Georgeo será testado nas urnas em outubro. Se o eleitor for criterioso é possível que sua reeleição seja relativamente tranquila. Mas se o poderio econômico desequilibrar o pleito, o ribeiropolense pode ter dificuldades.

De qualquer modo, esta guinda do jovem deputado significa uma qualificada e necessária mexida no tabuleiro politico sergipano.


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