Sem aula, sem ENEM

Por Samuel Senna.


16/05/2020 19:41

A Constituição Federal de 1988 - norma de maior hierarquia jurídica - garante a todos os indivíduos o direito à igualdade, destinando a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, ao bem-estar e a justiça como valores supremos de uma sociedade fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias. De forma indireta, esse é o preâmbulo da Constituição Federal de 1988.

O debate em questão é o adiamento do ENEM, cuja prova é a oportunidade que milhares de jovens têm de ingressar na universidade pública e de fazer parte dos programas sociais governamentais como o FIES e o PROUNI.

Em meio ao enfrentamento de uma pandemia, em que nossas escolas estão fechadas, nossos alunos sem aula e muitos à mercê de si próprio, o governo insiste em manter o mesmo cronograma, sendo resistente ao adiamento da prova.

Claramente, Bolsonaro e seu ministro da Educação ferem os direitos constitucionais pré-estabelecidos. O ENEM 2020 não pode e não tem condições nenhuma de acontecer em 2020. Será um descalabro gigante se esse cronograma permanecer.

Ninguém está pensando no aluno da zona rural, no aluno que não tem acesso à internet em casa, do aluno que está há 3 meses sem aula... o que importa é manter o cronograma, pois o “pobre” aspado, como usado outro dia pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub, consegue fazer seu pedido de isenção, sua inscrição e vai conseguir entrar na universidade do mesmo jeito que o filhinho burguês que tem acesso a diversas ferramentas para estudar durante a pandemia. Tenham o mínimo de decência e respeitem nossos estudantes.

Respeitem aqueles que são o futuro do nosso país, respeitem o estudante que passa o dia todo na roça para garantir seu sustento e de seus pais, tendo ainda, que conseguir tempo para estudar, respeitem os meus, respeitem os nossos, respeitem a Constituição. É inconstitucional que esse cronograma permaneça inalterável e nós lutaremos até o fim pelo adiamento dele.

Bolsonaro, respeite as pessoas (até mesmo os seus eleitores cegos que te colocaram no poder). Assegure o livre exercício dos direitos sociais e individuais, e principalmente, tenham o mínimo de dignidade e respeito pelos nossos estudantes brasileiros!

Samuel Senna
Professor de Português e Espanhol e pós-graduando em Metodologias Ativas e Preparação para o ENEM


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