Daniele Garcia sai de fenômeno a figurante da Família Moura

A dissociação entre a cria (Danielle) e o criador (Alessandro) se tornou ainda mais evidente no Pré-Caju


14/11/2023 16:50

por Daniel Rezende

Lançada na política como candidata a prefeita de Aracaju em 2020 pelo senador e então líder do Cidadania em Sergipe, Alessandro Vieira (MDB), a atual secretária de Estado da Mulher, Daniele Garcia (Podemos), mostrou ainda cedo que a lealdade não está entre as suas principais virtudes. Passados menos de quatro anos após a construção da sua candidatura, Daniele vem sendo “desnutrida” lentamente enquanto ocupa uma secretaria sem poder de decisão e orçamento e hoje caminha politicamente muito distante de Alessandro, que por sua vez surfa a sua melhor fase política desde a estrondosa eleição em 2018. 

Especulações à parte, não houve um fato relevante que justificasse o afastamento dos dois. Voluntariamente, Daniele decidiu que não era bom negócio para si a manutenção da aliança com Alessandro, que desde 2020 sofria forte desgaste pelas suas posições no Senado Federal contra o governo de ultradireita do ex-presidente Bolsonaro (PL). Ainda na campanha de 2020, Garcia fez o possível para esconder o aliado na propaganda eleitoral com medo de uma onda de revolta do eleitorado de direita, sua principal base naquele pleito. 

Com o passar do tempo o afastamento só piorou, mas em 2022 o grupo liderado por Alessandro Vieira, já no PSDB, porém com forte influência também no Cidadania, fechou questão pela escolha de Daniele na disputa ao Senado Federal. Parecia que as arestas estavam aparadas e as mágoas superadas, mas novamente Daniele foi à campanha escondendo Alessandro, que neste pleito disputava o cargo de governador de Sergipe. 

Passada a disputa eleitoral de 2022, onde ambos foram derrotados, as relações foram cortadas pela raiz. Os raros encontros entre os dois só ocorrem com pequenas formalidades em agendas do Governo de Sergipe, do qual ambos são aliados. Nesse período, Alessandro se fortaleceu ao ser eleito coordenador da bancada de Sergipe no Congresso Nacional e Daniele partiu para um ostracismo político sem volta. Aceitou liderar uma secretaria sem brilho e se aproximou de André Moura (UB) em uma aliança que a jogou para a saia de Yandra, a pré-candidata oficial de Moura para a Prefeitura de Aracaju. 

Mesmo com um forte espólio eleitoral na capital, hoje as chances de Daniele Garcia ser candidata a prefeita de Aracaju, com um mínimo de agrupamento, são quase nulas. Nem Fábio e nem André a têm como prioridade e a sua dependência de ambos não permite um rompimento repentino.

A dissociação entre a cria (Danielle) e o criador (Alessandro) se tornou ainda mais evidente no Pré-Caju: Alessandro visitou o evento de maneira discreta e evitou camarotes; Danielle passou o evento grudada em André e Yandra, exercendo a função de Figurante da Família Moura.


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