Apoio de Kitty Lima a nome estranho à causa animal pode fortalecer pré-candidatura da sua antiga “braço-direito”
por Daniel Rezende
Renato Russo cantou um questionamento que está cada vez mais presente nas Eleições de 2024: “Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?”. Pois bem, não faltam exemplos em Sergipe de pombinhos apaixonados que estão se orientando muito mais pelo coração do que pela razão e, acima de tudo, correndo o risco de terem seus espólios eleitorais decepados nessas manobras cheias de ternura e deslumbramento.
O exemplo mais recente é o da ex-deputada Kitty Lima. A sua desistência à disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores de Aracaju (CMA) e, por tabela, o apoio ao namorado e pré-candidato a vereador, Adriano Bandeira (MDB), pode gerar um prejuízo político irreversível para a sua imagem. Detentora de mais de oito mil votos em Aracaju nas duas últimas eleições que disputou, Kitty está causando revolta entre protetores animais que a viam como liderança absoluta da causa. O motivo é a escolha de Bandeira, tido como um “estranho” à militância da Causa Animal em Aracaju.
Essa falha da ex-deputada abre espaço para o fortalecimento de uma figura que se consolidou como sua braço direito ao longo das últimas eleições, mas que hoje visa sair dessa sombra rumo ao protagonismo. Trata-se de Layse Santiago, protetora animal que coordenou a ONG Anjos com Kitty e candidatou-se por três vezes, sendo 2x a deputada federal e 1x a vereadora, sempre em parceria com a ex-deputada, seja como nome escolhido para disputar a vereança em Aracaju, seja como candidata a federal visando fortalecer o projeto que tinha Kitty como liderança.
As duas não possuem relação política desde o pleito de 2022, quando divergências as levaram a caminhar em lados opostos ainda no 2º turno. Desde então, Kitty abandonou o traje de opositora ferrenha na Alese e se aproximou do governador Fábio Mitidieri (PSD), aceitando o cargo de superintendente da Causa Animal. Já Layse foi se aventurar em Nossa Senhora do Socorro em um órgão recém-criado de proteção animal na Prefeitura Municipal. Ela hoje é pré-candidata em Aracaju e aliada da pré-candidata a prefeita e deputada federal Yandra de André (União Brasil).
Não é preciso ter muita experiência em ciência política e em resultados eleitorais para prever que Kitty Lima sairá enfraquecida. É de uma obviedade gigantesca que, por mais que Adriano vença e Layse seja derrotada, ela herdará o espólio eleitoral da sua antiga chefe, que já está sendo mal-vista por membros da causa como alguém que preferiu fazer uma amarração puramente política e familiar a assumir uma candidatura de uma defensora dos animais.
Certamente, a ex-deputada aguarda as vitórias de Georgeo Passos (Cidadania) ou de Dr. Samuel Carvalho (Cidadania) nas disputas pelas prefeituras de Ribeirópolis e Nossa Senhora do Socorro para assumir a vacância na Alese. Mas independente de vitória ou não desses dois, assumindo mandato de deputada ou não, o desgaste que Kitty Lima colherá é um caminho sem volta.
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