A batalha do Planalto: aspirantes à Câmara Federal disputam votos no agreste

Veja a conjuntura em alguns municípios sergipanos.


02/08/2017 01:07

Editorial Sergipenet.

Em setembro de 2015, ou seja, menos de um ano depois das eleições de 2014, foram divulgados resultados da pesquisa ESEB (Estudos Eleitorais Brasileiros) que apontava uma “síndrome do esquecimento” entre o eleitorado paulista, mas que não foge da realidade do restante do Brasil. De acordo com os dados mais de 40% das pessoas não se recordavam em quem votou em deputado federal. Outra pesquisa, esta feita às portas do pleito de 2014, mas que avaliava a lembrança eleitoral de 2010 em todo o território nacional mostrou um baixo interesse do brasileiro por política: 44% dos eleitores não se lembram em quem votaram para deputado federal.

“Um voto é como um rifle: sua utilidade depende do caráter de quem usa”. A frase atribuída ao Republicano Theodore Roosevelt,  26º dos Estados Unidos de 1901 a 1909, é tão atual que nos coloca diante de alguns dilemas que, por descuido, nos leva ao início do século XX. Ainda que eivada de contradições, o Brasil vive um período de atividade de cidadania aguda, em que a população tem ido às ruas; utilizado as plataformas digitais para manifestar sua opinião e fazer cobranças de seus representantes.

Mesmo que ainda predomine o voto representativo e cujo poder continua sendo exercido por grupos de interesses, a soberania popular (preferencialmente de um povo livre, educado, crítico) é princípio ativo da Democracia, seu imperativo fático. E para realizar a Democracia é preciso cuidar do processo eleitoral, promovendo a cidadania, a participação, o pluralismo e eliminando os mecanismos que maculam o voto (expressão da vontade popular).

Em Sergipe, temos oito parlamentares na Câmara Federal, que no sistema bicameral do Poder Legislativo representa o povo (o Senado representa as unidades da federação): Adelson Barreto (PR), André Moura (PSC), Fábio Mitidieri (PSD), Fábio Reis (PMDB), João Daniel (PT), Jony Marcos (PRB), Laércio Oliveira (SD) e Valadares Filho (PSB).

Para muitos jornalistas e cientistas políticos a 55ª Legislatura da Câmara Federal (2015-2019), é uma das mais conservadoras e menos produtivas da nossa História Republicana. No quesito polêmica, em tese, será uma das que ficará marcada por afastar uma presidente, aprovar a Lei do Teto dos Gastos Públicos, da Lei da Terceirização, da Reforma Trabalhista e, possivelmente a da Previdenciária.

Mas e como estará o humor e do eleitorado sergipano para 2018? Teremos renovação? Ao fazer uma avaliação de alguns municípios e cruzar os dados das eleições de 14 com as possíveis alianças, poderemos ter muitas surpresas. Vamos lá.

Areia Branca – Disputa forte?

Adelson Barreto foi o Federal mais votado em 2014 com 2948 votos, mesmo sem ter o apoio das principais lideranças. Ano que vem a disputa poderá ser voto a voto entre André Moura, possivelmente apoiado pelo prefeito Alan de Agripino, Talysson de Valmir, apoiado por Zé Ailton do Junco.

Campo do Brito – Valadares Filho x André Moura?

Com o apoio do ex-prefeito Léo Rocha, Valadares Filho obteve em 2014 em Campo do Brito 2.607 votos. Para 2018, o atual prefeito sinaliza que pode votar em André Moura. O grupo de Léo ainda não declarou apoio.

Carira - Reviravolta?

Reviravolta? Em 2014, Fábio Mitidieri obteve em Carira 4.380 votos, fruto da parceria com o ex-prefeito Diogo Machado e cuja aliança deve permanecer. Mas o cenário agora é outro já que o executivo municipal passou às mãos  de Aroldoaldo Chagas, Negão, que pode pedir votos para André Moura.

Frei Paulo - Lideranças divididas?

A polarização política em Frei Paulo continua forte mesmo depois das eleições de 2016, o que pode respingar nas alianças. O prefeito Anderson Menezes tem andado muito com André Moura. Dificilmente sua vice, dona Mércia Sousa, votará em André. Já o dilema dos Oliveira é votar em Laércio ou abraçar a candidatura de Ana Alves. Há dificuldade de Zé Arinaldo apoiar alguém do grupo de Jackson Barreto. Vale lembrar que em 2014, Mendonça Prado foi apoiado pelos Oliveira e obteve 2.109 votos.

Itabaiana – Talysson vem forte?

O candidato a deputado federal mais votado em Itabaiana em 2014 foi Adierson Monteiro com 11. 197, tendo sido apoiado pelo grupo dos Teles de Mendonça. Mitidieri com 9.296 votos e apoiado por Luciano Bispo veio em segundo. Outros candidatos foram bem votados na cidade serrana, a exemplo de Adelson Barreto com 6.136 votos; Mendonça Prado, com 3.566 votos; Laércio Oliveira 2.497 votos; Bosco Costa 2.252 votos; Márcio Macedo 1.401; Iran Barbosa com 1.181 votos. A pergunta: Itabaiana terá um candidato da terra?

Moita Bonita – Mudanças?

Em Moita o cenário aponta para Edmilson Sindô votar em Gustinho Ribeiro , restando saber se as demais lideranças oposicionistas o acompanharão. Bosco Costa ainda não se decidiu, mas se for é o candidato natural de Marcos Costa. A dúvida é Bosco e Sindô subirão no mesmo palanque caso ambos estejam na oposição ao Governo do Estado? Em 2014 Bosco somou 3.430 votos.  

Nossa Senhora Aparecida – Prefeita pra lá, vice pra cá?

Possivelmente em 2018 Talysson de Valmir, Bosco Costa, André Moura e Fábio Reis terão apoios em Aparecida. A prefeita Vera permanece votando em Fábio Reis, mas quebra momentaneamente a aliança de 2016 com sua vice Adriana Cutia, que deve votar em André Moura. Já a líder da oposição, Jeane da Farmácia, que em 2014 votou em Bosco Costa, tanto pode continuar votando nele ou optar pelo apoio a Talysson de Valmir.

Pinhão – Fábio e Valadares Filho?

Em 2014 Valadares Filho foi apoiado pelo ex-prefeito Eduardo Marques e obteve 924 votos, sendo o federal mais votado naquele ano no município. Em 2018, a atual prefeita Ana Rosa apoia Fábio Reis e Eduardo ainda ao se pronunciou.

Ribeirópolis – Uita já mudou, os Passos mudam?

Bosco Costa, Laércio Oliveira e Valadares Filho foram os deputados federais mais votados em Ribeirópolis em 2014. Para 2018 os números podem mudar e os protagonistas também. Uita Barreto trocou de partido e de candidato: deixa Valadares Filho e deve apoiar Fábio Mitidieri. João de Nega, Miguel da Loja e Vaninha de Cajueiro estarão onde Bosco Costa estiver. Já a família Passos pode viver um dilema: ter que deixar de apoiar Laércio Oliveira e pedir voto ou para Ana Alves ou para Talysson de Valmir.

São Miguel do Aleixo – Prova de fogo para Everton Lima

Já em 2014 a prefeita Selma de Mauro sentia dificuldades na votação para seu candidato a deputado federal. Na oportunidade Fábio Reis obteve apenas 607 votos. O novo prefeito do Aleixo terá seu segundo teste em 2018 ao pedir voto para federal, que se encaminha para ser Talysson de Valmir.


Quer receber gratuitamente as principais notícias do Política de Fato no seu WhatsApp? Clique aqui.