O furacão Lula: como fica a classe politica depois de sua passagem em Sergipe

Editorial SergipeNet.


25/08/2017 08:32

Entre a sua chega em Estância por volta das 16 horas no último domingo, 21, e fazer a travessia do rio São Francisco entre as cidades de Neópolis e Penedo, em solo alagoano, também já ao cair da noite de terça, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ter embaralhado o cenário político para 2018. Mesmo que todos os personagens do campo governista em Sergipe afirme que nada muda, os bastidores e movimentações sinalizam para oposto. As declarações públicas são sempre de que ainda é prematuro costurar alianças e debater candidaturas mas todos buscam se fortalecer. Dos flashes, selfies, gritos e comoção provocada por Lula uma certeza: Lula é decisivo no Brasil e em Sergipe. O furacão Lula pode ter trazido tempestade para uns e e bonança para outros.

O primeiro sintoma é percebido em seu próprio partido. O clima não é dos melhores entre Ana Lúcia (Articulação de Esquerda) e Francisco Gualberto (PT Classista) e na tribuna da Assembleia, onde ambos são parlamentares, ou na imprensa, a troca de farpas, de declarações expõe ainda mais um racha dentro da legenda. Claro que neste caso, não necessariamente, o refrego foi provocado diretamente por Lula: mas resultado das vaias recebidas por Jackson Barreto em Estância e Nossa Senhora da Glória e pela tramitação de um projeto na Alese que pretende unir o Fundo Financeiro Previdenciário de Sergipe (Finanprev) ao Fundo Previdenciário do Estado (Funprev). Ana e Gualberto deixaram o armistício de lado e armaram as barricadas. Essa luta promete!


Mas tem petistas rindo a toa. No plural. Que o diga João Daniel que colou ao máximo a imagem do líder de seu partido com sua própria, útil para 2018. Eliane Aquino, que ocupa ha apenas sete meses a vice-prefeitura de Aracaju vê um sonho de 2014 mais próximo: o Senado ou quem sabe algo mais (para bom entendedor). Eliane tem a seu favor o legado de Deda, a amizade de Jackson e a simpatia, melhor dizendo o desejo, de Lula em vê-la trilhar os caminhos do esposo. Márcio Macedo é outro sergipano que está literalmente de carona na Caravana. Além de um dos coordenadores, acumula o cargo de vice-presidente nacional do partido, e depois de tanto esforço, Lula e a cúpula não o irá desampará ano que vem.


Mas tem um quadro do PT que melhor do que os citados deve aproveitar a passagem de Lula em solo sergipano: Rogério Carvalho. Quem acompanhou sua postura, discursos, tratamento com os aliados, mesmo aqueles com quem há ressentimentos, viu um Rogério dócil, sorridente e com palavras que se bem interpretadas dizem qual o endereço que ele almeja habitar. E com a agilidade e habilidade que lhe é peculiar, as inserções televisivas do PT em Sergipe neste meio de semana já o colocava como ator principal na peça publicitária. No mês de aniversário, este certamente foi um dos melhores presentes que recebeu. E como as pessoas do signo de Leão deverá fazer valer a entrega às suas convicções.


Quem não desgrudou de Lula foi o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD). Em todos os eventos estava ele lá, pousando paras as fotos, aplaudindo e cochichando aqui e acolá com pessoas ao seu redor. Mitidieri tem se aproximado muito de Rogério. Tem se mostrado um estrategista e prepara a irmão para suceder o pai na Alese e ainda postula a vice na chapa governista para o partido. 


Heleno Silva e Jony Marcos quase não foram vistos. Em Glória, Heleno esteve entre o povo, evitou subir ao palanque. Do PRB, apenas Jairo Santana e Ivan Leite de Estância foram visto no palanque de Lula. Aliás, foi do PRB o vereador que tentou barrar o título de cidadania estanciana ao ex-presidente.


Diz o bom senso que mesmo a politica deve ter limites. Deve ter sido por isso que Laércio Oliveira, aliado de JB e Temer, portanto adversário do PT, sumiu neste período. A ausência foi evidente entre os deputados que votaram a favor do impeachment de Dilma Rousseff


Lula revelou que pediu voto em 2010 para o “desconhecido e jovem deputado” Eduardo Amorim a pedido de Deda. Sobre Antônio Carlos Valadares, o petista disse que conviveu muito com o senador e que não entendia o caminho que ele resolveu trilhar.

Mas a pergunta que todo mundo politica faz é: “por que caixas d'água Edvaldo Nogueira, do PC do B, aliado histórico, carregando inclusive a pecha de linha auxiliar do PT, não esteve ao lado do compadre do homem que o lançou no estrelato da política”? Sem menosprezar o capital politico de Edvaldo, mas sem Deda, ele poderia ter tido outro caminho. A estrela do prefeito recebe, ainda que por meio de eclipse, as luzes do PT, basta ver quem é sua vice. A história o julgará.


E o PMDB? Aqui, como no Brasil, este partido congrega uma federação de interesses e por isto mesmo, quase nunca apresenta unanimidade. Quem viu os deputados Luiz Garibalde e Zezinho Guimarães? Aliás. Este último nunca demostrou nenhuma simpatia com os petistas. As ausências de João Gama e Benedito Figueiredo, históricos do partido, já era de se esperar pelas declarações dadas antes mesmo de Lula chegar a Sergipe. O deputado federal Fábio Reis e sua família se ausentaram e sinalizam que não votarão no PT.


Apenas a tríade Luciano Bispo, Belivaldo Chagas e Jackson Barreto deram as caras. Luciano, por força do cargo que ocupa e pelas circunstâncias da política itabaianense foi obrigado ser o anfitrião de Lula. O surpreendente foi seu discurso a favor do petista, a quem a bem pouco tempo fazia ressalvas. Belivaldo chegou mudo e saiu calado. Nas ocasiões que fez parte da comitiva, fez as vezes de um figurante de luxo. Por falar em JB, com sua coragem que lhe é peculiar, enfrentou a militância petista mais radical, foi vaiado, mas deu o recado. Jackson, experiente como é, vai avaliar os impactos da passagem de Lula, de quem recebeu rasgados elogios.

 


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